Ocupo todos os cantos da cama para deixá-los fora do meu mundo.
É o meu
modo de esconder que na verdade eu só queria perder o cobertor para pés maiores
que os meus.
Dormir sozinha dá aquelas sensação de
que o frio existe mesmo quando o termômetro marca 30 graus, de que os
travesseiros são insuficientes e o espaço é infinito.
Por dentro e por
fora.
Ocupo todos os segundos do meu dia pra não deixá-los tomarem posse da
solidão que cultivo como companheira.
Sou dela, não tem jeito. Sou minha e não
sei me dividir.
Essa é só a maneira que eu aprendi a ser, porque pertencer aos
outros faz doer.
Já aceitei vocês e suas cargas, suas faltas; e nada disso foi suficiente
porque vocês não puderam ou não souberam me aceitar.
Vocês não podem carregar o
que tem aqui dentro, esse peso que eu preciso dividir pra não ficar
sobrecarregada por existir.
Agora não aceito mais.
Não consigo aceitar nada pela
metade e vocês são incompletos porque não se permitem ir além.
Não posso aceitar e dormir sozinha é quase um protesto.
Não aceito. Não
deixo mais ninguém me roubar de mim.
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